quarta-feira, 26 de junho de 2013

RELATO PESSOAIS

Tem sempre uma luz que brilha na escuridão







Boa noite, sou fã do blog há cerca de cinco anos, aqui vi vários filmes que baixei; aqui é que me acrescentaram muitas coisas e hoje gostaria de compartilhar minha experiência com vocês que acho que poderá mudar muitas vidas.



Eu cresci na zona rural num município de Minas e tive toda uma vida cerca de amor, carinho e ao mesmo tempo de muito controle por parte da minha mãe que controlava a casa e a mim mais ainda.sempre fui muito alegre, comunicativo, o que me rendeu popularidade na escola, mais com os professores do que alunos, porque eles sempre me viram como aberração. Acho que não é exagero dizer isso, para eles o fato de eu não jogar futebol e não curtir nenhum esporte que praticavam nas aulas de educação física e não gostar do papo idiota dos meninos era algo muito estranho, e logo no início eu já fui eleito a bichinha da escola. Durante todo o ensino fundamental isso me perseguiu, me deprimiu e não tinha para onde nem para quem correr.



Por fim chegou o ensino médio e fui estudar na cidade, tive sorte, finalmente me livrei dos colegas que se arrastaram atrás de mim durante longos nove anos. Finalmente fui tratado simplesmente como um colega de classe que era inteligente, divertido e sociável. E para completar, tive minha homossexualidade aceita, sem restrições e  melhor sem ser alvo de piadas.



 Quanto terminei o ensino médio continuei a morar na fazenda e cada vez mais tinha a certeza que deveria fugir dali o quanto antes. Passado uns dois anos finalmente fui morar na cidade e o melhor, sozinho. Aquilo me acrescentou tanto, finalmente estar sozinho para dar rumo á minha vida sem está ao lado da minha mãe me controlando e censurando e me  sufocando de proteção. Fiquei nessa cidade por dois anos, até que fiquei desempregado e vi que novamente era hora de partir.  Contando com as amizades  que possuía na cidade onde já moro há quatro anos, consegui um emprego e me instalei aqui; e aqui começa um mundo de descobertas que eu não soube controlar a forma de vive-las .



Perdi-me em baladas, bebedeiras, era tão bom encontrar pessoas que ao mesmo tempo me divertiam, me desejavam. Nesse turbilhão de diversões e  novidades eu não percebi o quanto estava carente e me envolvendo com coisas que não me preencheriam por muito tempo e nem me dariam a evolução que eu desejei a vida toda. Aquilo me absorvia, me viciei, cheguei a ponto de ter que sair de casa todo fim de semana. Precisava, beber, dançar, transar. Precisava me sentir vivo, e principalmente desejado.



Mas chegou em um ponto que vi que aquilo já não me satisfazia e que eu estava no caminho oposto do que sempre quis ser, e fui diminuindo o ritmo das saídas, fui selecionando cada vez mais e melhor com quem me relacionava, principalmente na cama. Até que um dia um dia véspera de fim de ano, pra variar eu estava numa das fases que minha vaidade estava em alta; então decidi fazer uma dieta para melhor meu desempenho na academia e ter melhores resultados; estava dando muito certo e nesse embalo, decidi  procurar uma dermatologista para corrigir uma rugas de expressão, tinha decidido virar o ano me sentindo magnífico com a sensação de que iria chegar aos trinta  na melhor forma física possível e fazer do ano de 2013 um ano no qual me sentiria excelente, super a vontade comigo mesmo.



Para minha surpresa, no fim da consulta com a dermatologista, ela se virou para mim e perguntou que manchas eram aquelas em meu rosto; eu disse que elas eram o segundo motivo que me levava lá. Ela meio sem jeito disse: elas são sintomas de DST. Vou te pedir que faça teste de HIV e  sífilis, e me disse  não se preocupe não há de ser nada, faça os teste e me traga e vamos fazer o procedimento de aplicação de botox. Saí de lá e fui direto ao laboratório, fiz os testes, que ficaram prontos dois dias depois. Foi quando meu mundo caiu!



A principio, o médico que me atendeu para ver os resultados, era um urologistas, porque não quis voltar lá, queria um médico  mais adequado pra ver os exames. Ele me disse que tinham dado negativos, mas que como estava com sintomas  evidentes de sífilis, iria me receitar Bezetacil, que eu poderia tomar  ali mesmo no hospital  ou então no hemocentro.



Não sei porque, algo me dizia pra ir ao hemocentro e foi o que fiz. Cheguei em casa, entrei na internet e pesquisei como chegar até lá e liguei pra saber até que horas funcionariam. Chegando lá, um enfermeiro me atendeu, deu as injeções, uma em cada nádega; nossa como doeram! Ele me perguntou se poderia fazer alguns testes, disse que sim, então ele pegou uma agulha espetou  um dos meus dedos e colheu umas quatro gotas de sangue e pediu que eu aguardasse que me chamaria de volta em questão de minutos.



Fiquei sentado na sala de espera, super calmo e logo ele me chamou e me disse que os dois testes haviam dado positivos, e me perguntou se Havaí feito transfusão de sangue; disse que não e então perguntou se eu havia transado sem camisinha, e eu disse que sim; me perguntou, se era com parceiro ou parceira, se eram fixos ou não, e eu disse que não eram fixos. Aí veio a clássica pergunta: por que transou sem camisinha? Deu vontade de responder: porque fui idiota a ponto de não acreditar que aconteceria comigo, ah sei lá.



Fui para casa fazendo um esforço fora do comum para  não cair em desespero e dizia pra mim mesmo esta tudo bem e vai continuar assim. Contei para um amigo que também havia se descoberto há poucos dias, me consolou e me tranqüilizei um pouco, mas em questão de minutos comecei a arder em febre e cai numa crise de choro.



O amigo que mora comigo não estava em casa o que dei graças a Deus, não queria que ele soubesse. Aguentei até três horas da madrugada, aquele mal estar, e decidi pegar um moto taxi e ir para o hospital. Cheguei lá, disse tudo o que tinha acontecido, me deram mais medicação e pediram uns exames que fiz lá mesmo. Fiquei no hospital até o dia amanhecer. Me sentia tão desamparado, vazio, como há muito não me sentia.



Finalmente, lá por volta das nove da manha outro médico me atendeu de novo, disse que minha imunidade estava reagindo e sugeriu que eu procurasse um infectologista. Voltei pra casa vazio, triste e pensando em como seguir em frente.



Passei o natal e o réveillon com o assunto martelando na cabeça. No trabalho fazia um esforço sobre humano para não notarem que eu não estava bem; porque eu sempre fui referência no quesito alegria la na empresa.



2013 começou e eu havia jogado para o alto minha dieta, minha aplicação de botox e passei a fazer um esforço enorme para seguir em frente e acreditar que a vida poderia ser feliz e cheia de realizações como sempre acreditei. Mas toda hora me lembrava de que tinha o vírus e me deprimia. Levei uns três meses para ficar um pouco tranquilo. E passei a pensar que precisava compartilhar isso com alguém, mas como pessoas conhecidas não tinha coragem. Passei a freqüentar o site da UOL e acessar a sala destinada a  pessoas com HIV, e fui ficando mais à vontade e otimista.



Hoje, quase sete meses após a descoberta, concluí, ou melhor reconcluí, que minha vida não é tão diferente das de outras pessoas. O HIV é só um detalhe que aspira mais um pouco de cuidado e de que estar na hora de seguir em uma nova direção, vivendo de forma mais intensa, só que desta vez de acordo minha verdadeira essência, buscando aquilo que me acrescenta e não aquilo que me faz voltar atrás.



Espero que vocês leiam de verdade meu texto e me ajudem a dizer a outras pessoas que estão por ai desesperadas na busca por prazeres. a fazê-los de forma consciente, porque é perfeitamente possível viver como HIV, mas viver sem ele em seu DNA é mil vezes melhor e mais leve.

Um comentário:

  1. Lamento por ti,deve ser um baque receber uma noticia dessas,mas força,levante a cabeça,e faça o tratamento direitinho! A vida segue,e seje feliz,seje alegre e alto astral,o tempo cura feridas e cicatrizes ...
    tenha fé,vc é um vencedor!!abracos

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