PLC 122: o que temem os políticos evangélicos?
Por: Marcelo Cia.
``Ainda que Dilma não toque publicamente no assunto, é certo que ela sabe muito bem que suas Ministras Maria do Rosário e Marta Suplicy estão atuando para aprovar o PLC 122``
Não consigo entender os políticos da Frente Evangélica. Já perdi as contas das vezes que ouvi o senador Mago Malta dizer que o PLC 122 deveria ser votado logo, já que certamente perderia. Líderes religiosos, como Silas Malafaia, diziam o mesmo: que tanto o PLC 122 quanto o casamento gay, caso fossem votados, sofreriam derrotas humilhantes.
Mas agora que o senador Renan Calheiros, presidente do Senado, disse que vai colocar o PLC 122 como prioridade de votação na Casa, os líderes evangélicos reclamam. O senador Magno Malta usou a tribuna do Senado para protestar contra a decisão de Calheiros. "Não pode ser votado a toque de caixa. A sociedade brasileira, acima de 80% dos brasileiros, não concorda com isso. Não quero acreditar que o presidente Renan tenha dito isso, que ele vá cometer essa atrocidade. Eu não sou homofóbico, mas o projeto não é justo. Banalizar a palavra é fácil".
Malafaia, que está em Brasília para comandar um ato em "defesa da família", disse que Renan não será "tão inconsequente assim" ao colocar o projeto em votação. "Ele não vai atropelar trâmites da Casa. Deve estar falando isso para agradar o público da Parada Gay".
Qual é o medo das lideranças? Se antes eles tinham tanta certeza que o PLC 122 perderia, o que mudou de lá para cá?
Em tempo
O PLC 122 seguirá seu trâmite normal (será votado na Comissão de Direitos Humanos do Senado, depois na de Constituição e Justiça. Só então vai a plenário). Como foi alterado no Senado, ele terá que voltar à Câmara dos Deputados, onde será votado em plenário.
O texto que será analisado é novo, foi construído pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência, em consulta o Conselho LGBT. Este novo texto garante que os pastores, padres e afins condenem a homossexualidade. O projeto de lei é muito mais de matéria penal que "moral", por assim dizer. Basicamente, ele tipifica e penaliza os crimes verbais e físicos motivados por orientação sexual e identidade de gênero. Então,o que os líderes evangélicos tanto temem?
Dilma
Caso o PLC 122 seja aprovado neste ano ou no próximo, o governo Dilma ficará marcado como o período em que os direitos da comunidade gay mais avançaram. O casamento gay é uma realidade no Brasil. A aprovação da lei de criminalização da homofobia é uma possibilidade bastante real.
Ainda que Dilma nunca tenha dado uma declaração sobre nenhuma destas questões, seu governo ficará marcado, entre outras coisas, por essas conquistas, em especial no exterior. É estranho: é no governo da presidente que menos falou com a comunidade LGBT que seus direitos mais avançaram.
Livro infantil sobre paternidade homoafetiva “Mamães e Papais” será lançado em Curitiba
No próximo dia 8 de junho, sábado, das 16 às 19 horas, na Livraria Cultura, no Shopping Curitiba, será lançado o livro “Mamães e Papais” de Emerson Machado. Orientado para crianças a partir de oito anos, o trabalho da Aaatchim! Editorial tem ilustrações de Sebastião Nuvens e tem como assunto principal os relacionamentos homoafetivos entre adultos na visão das crianças. O evento terá ainda com a história sendo contada por Daphine Augustini.
De forma singela, o livro narra como o assunto de dois pais do mesmo sexo de uma das coleguinhas da escola é encarado por crianças. “Ninguém deixará de ser homossexual. Com o casamento homoafetivo legalizado ou não, esse tipo de família irá continuar surgindo no Brasil. É algo natural do ser humano querer constituir uma estrutura familiar”, conta Emerson Machado, autor de “Mamães e Papais”. O tabu é explorado de forma delicada e traçando paralelos entre os mais diversos tipos de famílias. Um projeto corajoso e entre os pioneiros no país.
“A energia que eles estão gastando tentando impedir algo que é um direito de todo ser humano – amar e ser amado – poderia ser usada em outros assuntos, como a educação no nosso país que está longe de ser uma das melhores do mundo e, também, os problemas com a saúde pública – que desde sempre passa por dificuldades gritantes”, argumenta o autor.
Confira abaixo um trecho do livro gentilmente cedido pelo autor:
— Como é ter duas mães, Otávio? — perguntou Taís antes de descer pelo escorregador.
— Normal — respondeu ele assim que caíram numa piscina de bolinhas.
— A Jéssica, lá da minha escola, disse que eu não sou feliz porque eu não tenho mãe. Mas você tem duas só pra você! E eu só tenho pai.
— Você não é feliz? — perguntou o menino sério.
— Sou.
— Então a Jéssica tá errada, né? — sorriu Otávio, acompanhado por Taís. — É que nem quando brincam comigo dizendo que eu não tenho pai. Mas não é verdade... Eu tenho pai, mas parece que ele me abandonou. Daí eu fui para um orfanato. Aí a mãe Daiane e a mãe Priscila me escolheram e me levaram pra casa, pra ser o filho delas.
— Você gosta de ter duas mães?
— Gosto — respondeu Otávio sem hesitar. — Elas cuidam de mim, me dão carinho e não deixam que nada faltem, compram tudo o que eu preciso na escola... É bem legal!
— E você não tem pena das outras crianças que não tem nem dois pais, nem duas mães, nem pai e mãe?
— Eu tenho — disse Otávio. — Porque as minhas mães disseram que tem muitas outras meninas adultas e meninos adultos que queriam ter filhos, mas as pessoas não deixam que eles fiquem com essas crianças não sei por quê.
— E as crianças continuam sem ninguém?
— Sim. Não é triste?
— Muito.
— Como é ter duas mães, Otávio? — perguntou Taís antes de descer pelo escorregador.
— Normal — respondeu ele assim que caíram numa piscina de bolinhas.
— A Jéssica, lá da minha escola, disse que eu não sou feliz porque eu não tenho mãe. Mas você tem duas só pra você! E eu só tenho pai.
— Você não é feliz? — perguntou o menino sério.
— Sou.
— Então a Jéssica tá errada, né? — sorriu Otávio, acompanhado por Taís. — É que nem quando brincam comigo dizendo que eu não tenho pai. Mas não é verdade... Eu tenho pai, mas parece que ele me abandonou. Daí eu fui para um orfanato. Aí a mãe Daiane e a mãe Priscila me escolheram e me levaram pra casa, pra ser o filho delas.
— Você gosta de ter duas mães?
— Gosto — respondeu Otávio sem hesitar. — Elas cuidam de mim, me dão carinho e não deixam que nada faltem, compram tudo o que eu preciso na escola... É bem legal!
— E você não tem pena das outras crianças que não tem nem dois pais, nem duas mães, nem pai e mãe?
— Eu tenho — disse Otávio. — Porque as minhas mães disseram que tem muitas outras meninas adultas e meninos adultos que queriam ter filhos, mas as pessoas não deixam que eles fiquem com essas crianças não sei por quê.
— E as crianças continuam sem ninguém?
— Sim. Não é triste?
— Muito.
Diversidade Sexual
OAB promove encontro para discutir os direitos da comunidade LGBT em SP neste sábado
OAB promove encontro para discutir os direitos da comunidade LGBT em SP neste sábado
No próximo sábado (8) será realizado o II Encontro Estadual dos Direitos da Diversidade Sexual no Teatro Gazeta, em São Paulo.
O evento é promovido pela Comissão da Diversidade Sexual e Combate à Homofobia da OAB - Seção São Paulo.
Advogados, desembargadores, psicólogos, professores e sociólogos irão debater temas pertinentes à comunidade LGBT.
A abertura, feita pelo Dr. José Renato Nalini, Desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo e Corregedor Geral da Justiça do TJ SP, vai abordar a a nova configuração da família homoafetiva e a concretização dos seus direitos.
Um painel será dedicado exclusivamente aos direitos humanos de travestis e transexuais, discutindo a transfobia, identidade de gênero e a proteção jurídica dos direitos humanos.
Outro painel irá discutir a criminalização da homofobia, com o expositor Dr. Rogério Cury, advogado criminalista e professor universitário.
As inscrições são gratuitas pelo site do evento. Para conferir a programação completa e se inscrever clique AQUI.
Serviço:
II Encontro Estadual dos Direitos da Diversidade Sexual
Sábado - 08.06 - 9hs
Local: Teatro Gazeta - Avenida Paulista, 900
Confira a página da Comissão no Facebook.
CQC: reportagem sobre a tentativa do PSC de impedir o casamento gay no Brasil
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